sexta-feira, 9 de julho de 2010

Alegria de Viver!


"Saber viver! Nestas duas palavras reside um enorme repto que se nos coloca em cada segunda da jornada humana. Compreender o Ser, decifrar o magno Existir, Pensar autonomamente - apercebendo-nos um pouco do que somos e do que imaginamos rodear-nos - e Agir com a maior correcção possível, de uma forma altruísta, boa, justa, amorosa e (pessoalmente) desinteressada. Eis aqui o sublime Desafio da Vida.
No entanto, sobre isto não iremos, provavelmente, encontrar explicações nos livros da escola, nas sebentas académicas, ... ou nos manuais de instruções. Nós vamo-nos construindo e aperfeiçoando, desde o primeiro sopro de vida que nos alentou e incita a caminhar. E tudo é caminho (Fernando Pessoa). Só que o caminho faz-se caminhando. Na melhor, simplesmente na melhor, direcção. Os momentos de felicidade poderão ser enganadores para quem se apercebe que sempre existe algo mais. A tristeza e a dor alertam frequentemente a persona. Mas estas podem ser redentoras. E então, da anima, vem-nos um lampejo, um momento maior. Para entendermos o que é a alegria interior. Assim começamos a perceber a magia de viver.
Procurar um pleno sentido para o nosso percurso, no limiar do tempo em que aqui estamos... Do Ser ao ter Consciência do que se é, da Amizade ao Amor, da Tristeza à Alegria, do Imanente ao Transcendente, do Místico ao Oculto, da Loucura ao Sonho, ..., do Tempo, da Morte, do Eterno, da Vida. Questões atravessam-nos, interessam-nos, deixam-nos curiosos, remetem-nos aos domínios dos valores, atitudes, crenças, teorias, práticas, culturas ou ideologias. Levam-nos a indagar a mente, auscultar o coração e ponderar o comportamento.
O que nos permite aqui Estar? A matéria de que somos feitos é, em grande medida, lapidada por lágrimas, nos momentos mais difíceis e dolorosos, naqueles que melhor nos permitem induzir - pela inspiração e maturação no fogo redentor que em nós (ou de nós) irrompe, temperado pelo sopro da lucidez, do discernimento e do amor - o que antes não tivéramos visto - com olhos de ver -, por falta de querer ou atenção, por incapacidade ou, simplesmente, porque não era ainda o momentum.
Da mágoa que nos cobre ao júbilo interior que nos invade, das lágrimas amarguradas ao fogo que permite crescer... o mundo é belo mas só os nossos olhos o podem tocar e só o nosso querer o pode revelar, em cada segundo irrepetível, único. Assim possa a Vida ser sentida, respeitada e dignificada. E possa a jóia ainda oculta ser progressivamente revelada. Com alegria.
Tempus fugit! Mas vale sempre a pena tentar, mais uma vez.
Teremos, finalmente, tempo e chama para acordarmos o sentido mais profundo do projecto humano que jaz, adormecido, no fundo de cada um de nós? (António Alçada Baptista)"
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* Abílio Oliveira
in BIOSOFIA (http://www.biosofia.net/), Outono 1999, nº 3, pág. 13

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