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quarta-feira, 1 de setembro de 2021

sobre o medo do desejo



 "Senti sempre um grande desejo de te tocar, apesar de conhecer os teus pânicos - ou talvez por isso -, a carícia só é intensa quando se tinge de gravidade...
Tocar-te o rosto, os ombros, deixar a mão deslizar sobre o teu peito quase adolescente, até te provocar arrepios onde o corpo se desfolha.
Falta-me a audácia, como vês...
E, no fundo, tenho medo, também eu, de me abandonar aos gestos, de embarcar neles para zonas sem refúgio."


Maria Graciete Besse
Incandescências

terça-feira, 26 de julho de 2011

incandescência


"E tudo se confundia com o que era, ou pensava ser, assim perdida e mais que tudo lúcida, à beira do renascer. Matéria bruta a desfazer-se, a dar lugar à febre, território poético onde se anunciava a morte, onde crescia apenas o furioso apelo das origens.
Estátua que entrevia, intensamente viva, construída de ondas regulares que faziam estremecer o caos e desenhavam em harmonia um baptismo de sangue."

Maria Graciete Besse
Incandescências

quinta-feira, 15 de abril de 2010

..desaprender..


"De súbito, tudo se torna autêntico e leve, quase transparente, apesar da opacidade que adivinha no silêncio.
Talvez para desaprender fosse necessário atravessar todas as formas de excesso, mastigar os cristais de alianças pretensiosamente eternas, deixar-se cair no espaço vazio das lentas convergências, onde as noites se transformam em galáxias subterrâneas, devoradoras, canibalescas, mortíferas, onde o corpo se desfaz e se renova na tensão de contínuas erecções, dólmen monolítico dos cumes propícios, santuário possível da união entre a beleza e a morte, como obscena conquista de si mesmo através dos caminhos da surpresa, ventre coroado de estrelas, no zénite da mais funda partilha.
Era essa a forma ideal de desaprender, de serenar, desarticulando os gestos conhecidos, os movimentos calculados, os sistemas artificiais onde os amantes procuravam sempre a sua parte de verdade. Reflexão elementar."
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Maria Graciete Besse
Incandescências
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Terei de descobrir em mim uma nova forma de te amar.
Esquecendo medos.
Louvando a liberdade em nós.
Em cada despedida descubro sempre uma nova estrela no meu ser.
Serás tu que as escondes a cada noite que habitas em mim..?
Talvez tenhamos de desaprender os gestos de amor.
Recomeçar a cada movimento, a cada carícia.
Encontrar a unificação do Ser.