Será que vale a pena tantas interrogações num mundo onde a "verdade" nos é oferecida de bandeja?
Devemos acreditar no que nos é dito constantemente?
“O que eu quero é a verdade. Não sei qual. Uma verdade que entre dentro de mim e me rebente o peito e me faça estalar em mil bocados espalhados por todo o universo. Uma verdade que me faça ascender que me puxe para fora de mim que me arranque e me deixe suspensa no tempo e no espaço. Que anule a diferença entre uma coisa e outra coisa um gesto e outro gesto um estado e outro estado. Que anule a diferença entre as pessoas. Que seja como um rasgão horizontal nos olhos. Passar a ver a n dimensões. E viver de acordo com o que vejo. Saber como é de facto a vida. O que é a vida. Como é e o que é a morte. Saber a sério por dentro. Saber com luz e sombra. Saber qual a verdade qual a realidade qual a finalidade da minha existência, de toda a existência em geral. E porque existe o mundo. E para quê. Ponho tudo em questão. Não acredito em nada que não me venha de dentro. Mas de dentro não me vem nada. Mesmo que Deus se procure e se encontre nos homens, nalguns homens apenas, nos eleitos, qual o sentido dos que ficam de fora. E porque razão ficam de fora. E onde ficam e como ficam e porquê e não percebo quanto mais quero pensar menos percebo. Não sei se devo ser eu a chegar à verdade ou se devo apenas esperar que ela chegue a mim. (...) Não sei como reconhecê-la caso não venha como eu a imagino revestida de sombra e de luz, penetrando-me como um fogo secreto que depois se revolve na cabeça e no peito. Espero. Retiro-me enquanto espero, não fico presa a nada. (...) O que eu quero saber é a verdade. De uma vez para sempre a verdade. Que corra para mim e se transforme em mar e me deixe ficar imóvel e submersa e acordada. Pela primeira vez mesmo acordada.”
Y. K. Centeno
As Palavras Que Pena
in Três Histórias de Amor
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