segunda-feira, 7 de setembro de 2020

Tempus fugit


Tempus fugit (1)

O tempo foge
por entre os dedos
da mão
que se abre 
 ao vento.

O tempo escorre
até eu perceber
que o momento
de aprender
é o certo.


Tempus fugit (2)

Tão pouco tempo
para descobrir
o que a musa
me faz sentir.

Tão pouco tempo
para escutar
o que a maga
me quer contar.

Tão pouco tempo
para escrever
o que a Vida
me quer dizer.


Tempus fugit (3)

Os dias passam
fugidios
como quem corre
só para escapar
do destino
que não pode evitar.
As horas passam
fugidias
enquanto tu assistes
e te arrepias
pelos tempos idos
que não soubeste aproveitar.
És tu que passas 
pelo tempo
ou é ele
quem passa por ti?
Talvez nem uma
nem outra coisa.

Queres sentar-te
e recordar
o que não conseguiste
resolver.
Queres sentar-te
e pensar 
no que precisas
compreender.
Talvez não haja
antes nem depois.

Talvez o antes
e o depois
se possam resumir
num continuum
(in)temporal
num qualquer
aqui e agora.
Talvez possamos 
alterar o passado
e o futuro
como quem
constrói o presente.

Oh, porque aguardas
para aproveitar
esta oportunidade?
Porque guardas em ti
a vontade 
de observar (e alterar
o que julgaste ser)
a realidade?

Se te lamentas
sem agir
é como se quisesses
chegar mais ato
sem subir.
Se te julgas
sem perceber
é como se quisesses 
acelerar
sem correr.

Se te limitas
a insinuar-te (in)diferente
é como se afirmasses
estar bem
estando doente.

Se te consideras
incapaz de chorar
é como se quisesses
limpar-te
sem te lavar.
Se queres transmutar
sem te enfrentar
é como se quisesses
aprender
sem porfiar
sem compreender.

Se queres encarar-te
e recordar
entenderes-te
e alterar,
não receies magoar-te
nem hesites
em tentar
perdoar
e aprender
que a vida
só faz sentido
quando se sabe viver.

O presente faz mais sentido
se te souberes situar
entre um passado resolvido
e um futuro por abraçar.

E nesta ilusão do tempo
mantém firme a tua espada
atenta no melhor momento
por uma saída ou uma entrada."


Abílio Oliveira, Olhar Interior.

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