"De súbito, tudo se torna autêntico e leve, quase transparente, apesar da opacidade que adivinha no silêncio.
Talvez para desaprender fosse necessário atravessar todas as formas de excesso, mastigar os cristais de alianças pretensiosamente eternas, deixar-se cair no espaço vazio das lentas convergências, onde as noites se transformam em galáxias subterrâneas, devoradoras, canibalescas, mortíferas, onde o corpo se desfaz e se renova na tensão de contínuas erecções, dólmen monolítico dos cumes propícios, santuário possível da união entre a beleza e a morte, como obscena conquista de si mesmo através dos caminhos da surpresa, ventre coroado de estrelas, no zénite da mais funda partilha.
Era essa a forma ideal de desaprender, de serenar, desarticulando os gestos conhecidos, os movimentos calculados, os sistemas artificiais onde os amantes procuravam sempre a sua parte de verdade. Reflexão elementar."
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Maria Graciete Besse
Incandescências
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Terei de descobrir em mim uma nova forma de te amar.
Esquecendo medos.
Louvando a liberdade em nós.
Em cada despedida descubro sempre uma nova estrela no meu ser.
Serás tu que as escondes a cada noite que habitas em mim..?
Talvez tenhamos de desaprender os gestos de amor.
Recomeçar a cada movimento, a cada carícia.
Encontrar a unificação do Ser.
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