"But, in this little space, this little grove of my mind, I’ll keep this sacred. I know what it feels like when stars collide. It’s addictive and wild and worth every burn and bruise and scar you get from it. Try not to hurt anyone else while you’re experiencing it."
Caminhante Errante
segunda-feira, 17 de janeiro de 2022
domingo, 19 de dezembro de 2021
Para a frente Viajantes
"Por vezes pergunto-me se é isto o que Krishna queria dizer -
Entre outras coisas - ou um modo de dizer a mesma coisa:
Que o futuro é uma canção desbotada, uma Rosa Real ou um ramo de alfazema
De ansioso lamento pelos que ainda aqui não estão para lamentar,
Comprimido entre as folhas amarelas de um livro nunca aberto.
E o caminho para cima é o caminho para baixo, o caminho para a frente o caminho para trás.
Não se pode encarar isto com firmeza, mas é certo
Que o tempo não cura: o doente deixa de estar aqui.
Quando parte o comboio, e os passageiros estão instalados
Com fruta, revistas e cartas de negócio
(E os que deles se despediram deixaram o cais)
Os seus rostos distendem-se da dor para o alívio,
Ao ritmo sonolento de uma centena de horas.
Para a frente, viajantes! sem fugir do passado
Para vidas diferentes ou para qualquer futuro;
Vós não sois os mesmos que partiram da estação
Os que hão-de chegar a qualquer término
Enquanto as calhas estreitando-se deslizam a par atrás de vós;
E no convés do paquete trepidante
Observando o sulco que se alarga atrás de vós,
Não pensareis «o passado acabou»
ou «o futuro está à nossa frente».
Ao cair da noite, no cordame e na antena,
Há uma voz descantando (embora não ao ouvido,
A concha murmurante do tempo, nem em qualquer outra língua)
«Para a frente, vós que julgais viajar;
Vós não sois os que viram o porto
Afastar-se, ou os que vão desembarcar.
Aqui, entre as praias de aquém e de além,
Agora que o tempo recuou, considerai o futuro
E o passado do mesmo modo.
No momento que não é de acção ou de inacção
Podeis receber isto: «em qualquer esfera da existência
Em que o espírito do homem se concentre
À hora da morte» - essa é a única acção
(E a hora da morte é a todo o momento)
Que há-de frutificar na vida dos outros:
E não penseis no fruto da acção.
Para a frente.
Ó viajantes, Ó homens do mar,
Vós que entrais no porto, e vós cujos corpos
Sofrerão a prova e o julgamento do mar,
Ou qualquer outro fim, este é o vosso verdadeiro destino.»
Tal como Krishna quando exortou Arjuna
No campo da batalha.
Não adeus,
Mas para a frente, viajantes."
T. S. Eliot